Ontem navegando pelo facebook me deparei com esse texto aqui: (http://alexandrekaramazov.com/index.php/2015/09/21/a-saga-de-um-menino-negro-pobre-e-oprimido-pela-sociedade-os-arrastoes-ideologicos-no-brasil/): "A saga de um menino negro pobre e oprimido pela sociedade e os arrastões ideológicos no Brasil", confesso-lhes que o título me chamou bastante atenção e mais ainda as pessoas que o compartilharam, decidi então parar pra ler... Percebi então que seria interessante fazer um contra ponto, escrever um texto que não é baseado em factoides escritos por um rapaz branco (que acredito eu, seja) de classe média e sim pelo meu empirismo, como homem, Negro, Carioca... Então senta que la vem história.
Ainda me lembro bem quando eu tinha os meus 13 anos e acompanhado do meu primo mas velho (que na época deveria ter uns 16) saia por volta das 21:00 da casa do meu melhor amigo e fomos abordados pela policia, na época morava à três quadras desse amigo. Voltando pra casa após ser tratado como um marginal, só pensava no que a minha mãe havia me dito aos meus 12 anos, quando tirei o meu primeiro RG: “Já que você quer sair com os seus amigos, ir no shopping, visita-los... esse tipo de coisas você tem sempre que andar com um documento”, nesse mesmo momento naquela minha ingenuidade dos 13 anos “entendi” o porque da minha mãe ter me falado aquilo... um ano se passou e eu que há muito acompanhava os meus pais nas empreitadas deles pelo centro da cidade (do Rio de Janeiro), que fazia um mapa mental daquelas ruas e vielas desde os meus 10 anos de idade, decidi então que pelo menos duas vezes ao mês, ao sair da escola eu iria ajudar o meu pai no trabalho, a organizar os seus arquivos, categorizar e até mesmo passar um tempo a mais com ele, já que o meu pai, para que pudesse me oferecer tudo de melhor e colocar o pão e a carne dentro de casa sempre trabalhou muito, se esforçou muito e nunca se deu o devido descanso (como ele adora dizer “as últimas férias que eu tirei foi pra te ver nascer... meu filho”), buscava de alguma forma contribuir a todo o esforço e suor do meu pai para com a nossa família. E com os meus 14 anos então saia da minha escola PÚBLICA pegava o 284 (Praça Seca X Tiradentes) e ia na minha empreitada... nessa mesma empreitada que inúmeras vezes fui abordado pela policia, algumas vezes retirado do ônibus contra a minha vontade para passar por uma revista vexatória... buscava, não comentar sobre isso com o meu pai, até que um dia decidi comentar um desses casos e meu pai muito chateado com a situação, pediu para que sendo assim eu optasse por outra linha de ônibus, uma que não passase pelas comunidades do Jacaré e Mangueira (mesmas comunidades da onde vem esses jovens, os quais estão sendo impedidos de ir a praia), ou até mesmo evitasse ir ao trabalho dele, para desta foram, evitar situações como estas. Ainda naquela época comecei a repara que 90 % dos abordados eram negros como eu, e para evitar tais situações algumas vezes quando chegava próximo aos pontos que sabia que haveria a entrada da policia, fingia dormir ou até mesmo dormia buscando, não ser abordado (na maioria das vezes em vão).
Nesses meus 25 anos de vida já passei por muitas coisas e até mesmo pra evitar qualquer tipo de descriminação, busquei me vestir melhor, optar por grifes, decidi
Eu quero o meu direito de ir e vir, eu quero o meu direito a CULTURA e ao LAZER, eu quero ir a praia tranquilo sim, mas eu não quero que a injustiça social aconteça, eu quero EDUCAÇÃO, por que com educação, pois como diria Pitágoras: “Eduquem as crianças hoje, para que não seja necessário castiga-las amanhã”.
Só pra descontrair um pouco, aproveito pra postar esse vídeo do porta dos fundos que trata de forma cômica, a nossa realidade trágica: